domingo, 19 de dezembro de 2010

Venha viajar pelo passado

Depois da neve passar ficou tudo como dantes, o verde dos campos e os tons destas pedras que se espalham até as  perdermos de vista.

Tivemos algumas visitas muito simpáticas vindas do sul. A tranquilidade, o espaço, e o tempo que aqui parou, fazem-nos vontade de aqui voltar um dia, outra vez.

Não se importem se o caminho para cá chegar é longo e não foi feito com o último grito do bom asfalto, ainda bem que assim não é. Além de nos recordar as estradinhas antigas, sinuosas, às vezes um pouco estreitas  a paisagem continua quase, quase intacta lembrando-nos o tempo em que só o médico cá vinha acima uma vez por mês.

Está nos nossos planos, começar aqui em Val de Poldros, no nosso restaurante, uma pequena biblioteca com livros e fotografias das memórias destas "brandas". Memórias das pessoas e do lugar. Registos fotográficos, recortes de noticias, livros.

Numa alusão a esta ideia, tivemos quase instantâneamente o envio de informação interessantissima de um amante incondicional do Minho que teve a enorme amabilidade de a partilhar. OBRIGADA!



















Um livro também editado este ano com o testemunho do Sr Engº António Salcedo intitulado "Percursos de Vida"
 http://percursosdevida.wordpress.com/

A divulgação/compra deste tipo de  iniciativas, publicações por conta e risco do autor, são de louvar e nós aqui em Val de Poldros iremos encomendar e recomendar. Testemunhos vivos importantissimos para que o passado não caia no esquecimento e assim  não se perca a nossa identidade.

Outra referência muito interessante é a existência de uma raça  pouco falada e única, a  do Cão de Gado. Uma obra já editada   http://www.editorial-bizancio.pt/coleccoes.php?col=18&id=468 e um site específico sobre esta raça  www.caodegadotransmontano.org.pt/.

Pois é, em breve, muito em breve iremos ter nas nossas, ainda timidas prateleiras do nosso restaurante, as primeiras obras de muitas e muitas que irão vir.

É importante ter as pessoas, a folheá-las e interessarem-se para que não morra o espirito da serra e tantos séculos de trabalho das gentes daqui. Deveremos estar atentos também, e evitar que essas memórias caiam nas mãos erradas do folclore turistico e se recorde o passado em cima de um palco.

Aqui ainda vivem e mexem muitas práticas do passado. Acreditamos também que um dia no futuro elas serão  valorizadas e respeitadas como já o foram e  gerações mais jovens e informadas farão parte delas, para isso não poderemos deixar cair no esquecimento os testemunhos que ainda restam.

Venha vê-las, tocar nelas, saborea-las connosco. Meta-se ao caminho e viaje pelo passado.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Esteve tudo branco aqui na serra







No sábado esteve assim, tudo branco e lindo de morrer! Foi uma aventura chegar cá acima, só de jipe ou de moto 4, só mesmo o Fernando que tem 17 anos de experiência de andar a guiar na neve para andar serra acima e serra abaixo, com correntes nos pneus para que nada falte aos aventureiros que não resistiram a dar um salto aqui em cima para se aquecerem na lareira e secarem os seus fatos enquanto se deliciavam com o que o Fernando sabe melhor fazer, cozinhar a posta barrosã, o  costeletão, ou o bacalhau em cebolada. Para se aventurarem de novo ao caminho o dificil era sair do quentinho. Houve quem viesse para almoçar e fosse ficando só saindo às tantas da noite...

Os mais corajosos da noite abalaram à 1h da manhã!


Almoçaram e foram ficando... ficando... passou-se a noite à conversa. Lá fora nevava e fazia muito frio mas a fantástica lareira aqui em Val de Poldros convidava a uma tertúlia, e assim foi.
A conversa foi excelente. Gente boa como só no Minho encontramos. Aprendemos todos um bocadinho mais esta noite com a experiência de vida de cada um, com as aventuras de quando eram miúdos, de gente que já partiu e que faz falta. Foi uma noite muito bem passada no quentinho da lareira aqui em Val de Poldros. 



No domingo continuava tudo branco, mas já se sabía que ía chover e que lá para o fim do dia tudo voltava a ficar como dantes. Antes que a neve derretesse apareceram um grupos animados que não resistiram a aventurarem-se pela serra acima para comerem o famoso costeletão que o Fernando tão bem faz.








Quando chegaram estava a serra coberta de branco e vinham completamente encharcados. A salamandra da sala grande salvou a situação e secou os fatos. Enquanto isso a conversa à mesa era animada.O almoço foi sem pressas e como estavam todos de férias, abalaram para o Gerês para um jantar que prometia ser animado. Voltem mais vezes!

E agora....

Presentes  Melgaço, Monção, Cerveira e até alguém do Porto!


Um grupo simpático que se aventurou de jipe. O elemento mais novo portou-se tão bem e foi a primeira vez que viu neve. Beijinhos grandes miúdo bem educado! Voltem mais vezes, não se esqueçam deste cantinho fantástico que está cá para os receber o melhor possivel.




A serra tem destas coisas, quase de surpresa a neve aparece, os mais desprevenidos encontram sempre ajuda, não fosse esta gente daqui que desenrasca o impossivel  sempre com cara alegre, acaba tudo divertido e com vontade de voltar. Só o padeiro não apareceu, mas não fez mal tinhamos algum pão de reserva, porque os enchidos e o presunto artesanais não dispensam o pão mesmo que seja do dia anterior. São coisas que a neve faz.

Neve, volta outra vez!










quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Aqui na Serra

As Cardenhas - construções muito antigas 



Quando olhamos para estas construções,  imaginamos logo como sería esta zona quando a agricultura era o meio de subsistência principal. O chiar dos carros de bois, (as carretas), o reboliço à volta dos trabalhos do campo, cozer o pão e todo aquele gado para cuidar.

Segundo Valdemiro Domingues as  cardenhas são   "construções que ainda lembram os antigos castros,distribuidas em pequenos grupos ou isoladas podem ser vistas pelas brandas de Stº António de Val de Poldros e por isso pela Aveleira, Furado de Real, Senhora da Guia, Chão do Rego, Moura e em tantos outros locais.
Rudes construções feitas à base de pedra xistosa da região, práctico de manusear, resistente aos ventos e às neves." in "Memorias e Fronteira"; Domingues, Valdemiro B.,(pag. 2)

Segundo o mesmo autor a toponimia Val de Poldros deve-se ao facto do rei D.Dinis no ano de 1320, ter doado as terras ao capitão da sua guarda, Paio Rodrigues de Araújo, para a criação de gado cavalar. Ainda hoje são chamados de podros ou poldras (e não potros).

De facto quando chegamos aqui ao alto da serra é quase impossivel não ver manadas de poldros e  vacas que pastam em completa liberdade. A sensação de espaço e  bons ares, com imensos trilhos para os amantes de caminhadas, é uma óptima desculpa para dar um salto para estas "brandas"...e agora no Inverno tem outro encanto, se estiver sol é porque está muito frio, venha agasalhado e com boas botas, caminhar e descobrir a serra e os seus encantos. A seguir, venha-nos visitar, comer uma sopinha de feijão, provar os nossos enchidos artesanais e aquecer-se na nossa lareira...

Céu azul, muito frio lá fora mas muito quentinho cá dentro...



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Experiências gastronómicas no alto da serra

O Inverno aqui na serra tem mais encanto.Está frio lá fora, mas não faz mal. A lareira já está acesa desde manhãzinha cedo e cá dentro está um ambiente mesmo agradável.

Para quem gosta de cozinha tipicamennte regional a sopa de feijão vem mesmo a calhar. Enche a alma! E porque não experimentar uns bolinhos de bacalhau à antiga portuguesa ou umas pataniscas  só para matar a fome?
 E para quem vem com tempo de passar um bom bocado à mesa as costeletas da boa carne barrosã acompanhadas por umas deliciosas batatas fritas às rodelas e grelos salteados são a nossa melhor sugestão.
Os vegetarianos que não se preocupem também pensámos neles.

Venha passear para a serra e quando quiser fazer uma pausa merecida experimente a nossa cozinha, prometemos que não se arrependerá..